sábado, 25 de dezembro de 2010

MINHA CRISE DE NATAL

As musiquinhas, como de ninar, trazem a mensagem universalmente conhecida: “Noite de paz, noite de amor, tudo dorme em derredor. Pobrezinho... nasceu em Belém!” E lá se vão diversas outras musiquinhas, repaginadas em samba, funk etc., embevecer os ouvidos nessa época anual.
Sou cristão, mas posso dizer que não gosto do Natal. Quer dizer, gosto demais do Natal... mas não desse que me satura com suas decorações bregas, receitas baratas de panetone e hipocrisia generalizada pairando no ar. Por um só ano, desejaria que o verdadeiro Natal fosse comemorado. Minha versão natalina do hino acima poderia ser: “Noite de tensão, noite de perseguição, diversas crianças são assassinadas por conta de um rei megalomaníaco. O Rei de toda a Terra, Senhor do Universo que de pobre não tem nada, escolheu revelar-se pobre não porque nasceu em uma manjedoura, mas porque simplesmente fez-se homem, e não há pobreza maior do que essa!”.
Há tempos que leio sobre uma versão higienizada do Natal. As pessoas se esquecem do real contexto no qual o Rei das Nações veio à Terra. Na verdade, as pessoas se esqueceram – ou muitas jamais souberam – quem foi realmente aquele que nasceu em Belém. Como diz um autor de quem gosto muito, por eras cortaram-se as unhas e aparou-se a juba do Leão da Tribo de Judá, domesticando-o em um gato de estimação que existe para suprir nossas necessidades pessoais. “Hei”, brada minha alma a cada pisca-pisca de mau gosto que encontro e a cada Papai Noel fajuto com quem me deparo, “ele veio trazer espada e não paz! Ele veio revolucionar e calar a boca da religiosidade fétida de sepulcros caiados! Ele veio tumultuar a noite plácida de pastores humildes e rejeitar a ostentação faustosa das megaigrejas! Ele veio desafiar as convenções, subverter a mesmice e revolucionar a história! Ele veio ensinar sobre como devemos viver uma vida distante do conforto que os bens de consumo insistentemente nos obrigam a desejar! Ele veio dilacerar o seu interior com suas garras, dessintonizar as frequências monótonas da retórica de sua hipocrisia irritante com seu rugido, reverter o fluxo de sua vida pré-programada segundo as expectativas do mundo com o brilho dos seus olhos!”
Rejeito o Jesus indefeso por força das circunstâncias e não por opção. Rejeito os coros serenos que não refletem o terror que os anjos infligiram nos pobres pastores, atemorizados pelo inesperado e pelo sobrenatural que é Cristo. Rejeito a manjedoura sem cruz, o ouro sem espinhos, o incenso sem cravos e a mirra sem sangue. Rejeito o Natal de “paz e amor” da era de aquários, da falsa paz que o mundo não dá, e do amor interesseiro baseado na reciprocidade.
Anseio pelo meu Natal. O meu particular. Que encontra o estábulo dentro de um sepulcro vazio. Que coloca os anjos dos pastores com os anjos de Maria Madalena no domingo da ressurreição. Que faz nascer em mim a morte. A minha morte. Cotidiana, difícil, dolorosa e distante, porque falta muito. Rejeito o Natal da vida do menino que não pensa na re-vida concedida ao Amado. Essa vida não tem sentido sem a outra. Minha vida não tem sentido sem nenhuma delas...
Anseio pelo Jesus que me dilacere com a Espada afiada de sua boca, me queime com o fogo de seus olhos e me cegue com o reluzir dos seus pés de bronze e com a alvura de seus cabelos. Sua primeira vinda só tem sentido com a segunda! Celebro a primeira, espero ardorosamente pela segunda...
Se este Natal ainda não está em ti, recomendo que faças da Ceia de logo mais um banquete teu, e não de Natal. Quando te vires diante do Rei e fores sondado com a profundidade de seu olhar, pelo menos serás sincero ao dizer que pra você, o dia 25 de dezembro era um dia todo teu, em que podias te fartar com comidas, bebidas e presentes. Pena que, caso seja essa tua resposta, não poderás fazer parte do melhor banquete, o eterno, reservado aos que fizeram do Natal e da Páscoa o sentido de cada inspiração e expiração ao longo de sua existência.
RAFAEL BORGES

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Tomada por admiração...



Mais uma vez!
As músicas da Brooke Fraser me fazem pensar profundamente.É um conjunto de verdadeira realidade, aritmética, segredos guardados em quartos fechados em torres altas,imutáveis mudanças, deleites, amor que penetra os ossos, estrelas moldadas por mãos, falhas e defeitos que unem e o rio do tempo que se torna montanha.
Coisas que diante de mim se tornam indecifráveis, impenetráveis pela minha limitada mente.
Coisas que acendem ferozmente uma fome de algo a mais do que tenho visto, vivido, ouvido, lido...
Coisas que me atraem a expressar de qualquer forma a misturança que se passa dentro de mim.
Até que bato na parede da minha imaturidade, que nunca me deixa avançar! (Nem sei mesmo se é a tal da imaturidade que faz isso.)
Já cheguei até a pensar que o segredo de tudo isso era a linda paisagem da Nova Zelândia que a Brooke tem a seu dispor.
(um dos meus grandes sonhos, visitar a Nova Zelândia)
Mas, neste último CD ela saiu de lá, foi pra Los Angeles. Acho que não é bem o lugar que importa.
E ainda me questiono, quando chegarei lá. Quando escreverei algo bom. Meus sonhos de futura escritora são estremecidos, mas Deus ainda me sustém, dizendo-me que é fonte de inspiração.
Continuo então a percorrer este caminho até esta inesgotável fonte, às vezes parando, às vezes me perdendo, às vezes com dor ou sem entender nada, mas de vez em quando sendo renovada ao ouvir coisas tão bem feitas como este novo CD e nunca desistindo, minha eterna certeza é ELE e isso é bom demais!
Ouça, "Flags" e se você for igual a mim, leia esta ótima análise junto. http://itsoundslike.net/?p=5442